Em outubro de 2009, o historiador gaúcho Voltaire Schilling deu início a uma polêmica saudável sobre a arte contemporânea com o seu texto ‘A Capital das Monstruosidades’ a respeito dos monumentos de Porto Alegre. São em geral esculturas de nosso tempo, apresentadas nas várias bienais de arte de Porto Alegre, que os artistas houveram por bem deixar na cidade. Foram muitos os artigos que se seguiram, revelando um entusiasmo insuspeitado nos gaúchos para tratar de tema tão inóspito. Difícil, sem dúvida, porque é cada vez maior o afastamento entre a arte e a sociedade das pessoas comuns, e porque as relações entre a arte e o mercado são confusas mas necessárias, pois os artistas têm de ser de algum modo financiados. A chamada arte moderna já teve seus momentos épicos no início do século passado – a estreia da Sagração da Primavera de Igor Stravinsky em Paris, a Semana da Arte Moderna no Brasil – e seus momentos de grande expressão e rebeldia como o Chien Andalou de Luis Buñuel, mas depois vieram pós-modernismos e pós-pós-modernismos, uma procura fatigada de ultrapassar limites que nem mais se enxergam. E nesse ponto arrisco uma opinião leiga, essa tal de arte contemporânea está, quem sabe, envelhecida. Instalações, performances, sei lá que mais – não são tudo velharias? Tudo coberto de poeira, teias de aranha. Uma arte que não conseguiu desabrochar e feneceu na sua novidade. Por isso, a polêmica provocada por Voltaire Schilling parece tão importante, um sopro de vitalidade em experimentações um tanto senis. E uma coisa é certa: já me disseram que a loucura humana é infinita – ao que parece, a criatividade humana também. O artista contemporâneo saberá cumprir seu destino de fênix.