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07.01.2020 – Inteligência artificial

 

O olho humano é uma das tantas maravilhas da natureza, mas ele tem seus limites. Na sua busca de conhecimento, os humanos inventaram mecanismos para superar essas limitações – o telescópio permitiu a visão de objetos muito distantes, o microscópio tornou possível a inspeção de fenômenos extremamente pequenos. E com o avanço da ciência e tecnologia modernas, os auxílios para o olho humano se multiplicaram exponencialmente.

Hoje estão muito adiantados os estudos para o desenvolvimento da inteligência artificial. Entendo a inteligência artificial como um mecanismo que está sendo criado para superar as limitações da inteligência humana. Em vários aspectos, no estágio em que hoje se encontra, a inteligência artificial é muito superior à humana. Por exemplo, li que os estudos de energia nuclear obtida por meio da fusão de átomos estão sendo realizados com o auxílio imprescindível da inteligência artificial. Outro exemplo é o ramo da robótica – por meio de robôs, os seres humanos estão ampliando sobremaneira sua possibilidade de atuação na exploração do desconhecido.

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É importante, entretanto, não desvirtuar o desenvolvimento e o emprego desse valioso instrumento moderno.  Não devemos transformar a inteligência artificial num fetiche. Isto é, a inteligência artificial não tem por objetivo imitar a mente humana ou substituí-la. Achar que ela pode tomar o lugar da mente humana é alimentar uma mentalidade de super-heróis dos gibis. Por favor, menos.

Numa aula de cosmologia, o professor colocou no quadro-negro as proporções de nosso universo: num canto, um quadradinho representava todo o universo que, de algum modo, podemos ver ou conceber; do mesmo canto partia um quadrado maior que chegava ao centro do quadro-negro, indicando a matéria escura ainda desconhecida por nós; o resto do quadro-negro era ocupado pela energia escura, igualmente desconhecida. Nós, humanos, somos um nada invisível num pálido ponto azul (a Terra nas palavras de Carl Sagan) perdido naquele quadradinho diminuto no canto do quadro-negro. Uma lição de humildade.

Ainda assim, o quadradinho encolhido no alto do quadro-negro é o nosso universo, aquele que nos deslumbra pela imensidão e nos intimida pelo desconhecido. Entendo que cada um de nós possui na cabeça universo semelhante. A mente humana equivale ao universo na medida em que contém igual imensidão e igual desconhecido. Assim como os estudos sobre o universo, as pesquisas sobre a mente humana avançam com eficiência e celeridade, mas cumpre lembrar que ainda se encontram em fases preliminares.

Só que não é apenas a dificuldade dos estudos que impede a cópia da mente humana. Que esses estudos avancem cada vez mais e tragam auxílios de suma importância para o conhecimento humano. Mas é essencial desfazer o fetiche, a quimera. A mente humana não pode ser copiada, clonada, imitada, porque ela tem características irredutíveis a essa tentativa. Como a vida, a mente humana é imperfeita. Impossível copiar a imperfeição.

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Rosaura Eichenberg

04.01.2020 – Anna Magdalena Bach

 

Em 1988, a Editora Veredas publicou a tradução brasileira de uma verdadeira joia, Pequena Crônica de Anna Magdalena Bach. Esse livro, publicado anonimamente em 1925, é uma novela da escritora inglesa Esther Meynell. Uma obra de ficção, portanto, mas por ser fundamentada em documentos e estudos sobre Bach, lança muita luz sobre a vida e o trabalho do grande músico.

Anna Magdalena foi a segunda esposa de Bach, com quem teve treze filhos e conviveu até a morte do compositor. Ela era 15 anos mais nova que o marido, cantava e acompanhou de perto seu trabalho musical. No livro, dedica muitas páginas ao ensino de música que presenciou na sua casa, pois essa era uma das funções dos cargos ocupados por Bach.

Recebeu como presente do marido um pequeno livro com a cópia das duas grandes partitas em lá menor e mi menor. Seguiam-se várias peças, arranjos corais e vocais, contribuições de compositores da época, sem nenhuma ordem específica e frequentemente entremeados com outras composições do próprio Bach.

Suas memórias romanceadas são uma aproximação singela e muito interessante ao gênio da música.

Notenbüchlein für Anna Magdalena Bach

Minueto em sol maior  –  Christian Petzold

 

Rosaura Eichenberg

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