de revoada

17.06.2022 – Maria Helena Martins

 

A mensagem via e-mail chegou com um choque abrupto. Maria Helena Martins (1941-2022), minha amiga e colega na UFRGS, tinha falecido.

 

 

 

A nota de pesar aponta o quanto a Maria Helena realizou com seus estudos e trabalhos no campo das letras. Seu desempenho na área acadêmica foi exemplar, e cumpre destacar sua tese de mestrado sobre o poema “Antônio Chimango”, publicada com o título de Agonia do Heroísmo pela editora L&PM em 1980.

 

 

O que tenho ainda em mais alta conta é sua dedicação ao site criado para estudar e analisar a obra de seu pai, Cyro Martins. Um trabalho muito bonito. O nome do site é Celpcyro – Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise – www.celpcyro.org.br.

Numa das minhas últimas conversas/mensagens com a Maria Helena, trocamos queixas de mazelas de saúde que ocorrem com a idade, por causa de um problema meu a esse respeito. Sei que a conversa com a amiga me animou como sempre, e afirmei confiante que não era hora de falar em ponto final, porque ainda estávamos nas vírgulas. A lembrança da Maria Helena me torna ainda mais confiante, vislumbrando que pontos finais soem abrir para muitos outros parágrafos / estradas.

 

Because I could not stop for Death –

He kindly stopped for me –

The Carriage held but just Ourselves –

And Immortality.

                                           Emily Dickinson

 

 

Porque eu não pude parar para a Morte –

Ele gentilmente parou para mim –

A Carruagem só transportava a Nós Próprios –

E a Imortalidade.

 

Rosaura Eichenberg

12.06.2022 – Charlotte Delbo

 

A escritora francesa Charlotte Delbo (1913-1985) participou do movimento da Resistência Francesa contra a ocupação nazista da França. Militante comunista, ela foi presa em 1942 e mais tarde enviada ao campo de concentração de Auschwitz. Seu marido foi também preso, torturado e fuzilado.

 

Em dezembro de 2021, a Editora Carambaia publicou Auschwitz e Depois, tradução de Monica Stahel. É o testemunho de Charlotte Delbo sobre sua passagem pelos campos de concentração nazistas.

 

Não devemos nos iludir, pensando que pesadelo tão medonho é coisa do passado prestes a cair no esquecimento. O mal do século XX, o totalitarismo, ainda ameaça a humanidade com um grau talvez maior de devastação. A guerra já estrondeia entre nós e em nossos corações. Vale, portanto, lembrar estas palavras de Charlotte Delbo na tradução de Fernando Eichenberg:

 

“Vocês não podem compreender

  Vocês que não escutaram

  Bater o coração daquele que vai morrer…”

 

 

Rosaura Eichenberg

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