ÍBIS – LITERATURA E ARTE

É em homenagem a Fernando Pessoa que este espaço recebeu o nome de Íbis – Literatura e Arte. Desde criança, Fernando Pessoa sentia fascínio por esse pássaro sagrado no Egito Antigo, e mais tarde tentou fundar uma editora-tipografia a que deu o nome de Empresa Íbis. A íbis (o nome pode ser feminino ou masculino, Fernando Pessoa empregava o masculino, talvez porque se identificasse com o pássaro – nas cartas à sua namorada Ofélia, ele se referia a si mesmo como o Íbis) é um pássaro semelhante à cegonha e à garça, e seu traço mais marcante é o longo bico curvo. Há várias espécies, e a íbis sagrada do Egito tem plumagem predominantemente branca com plumas pretas nas asas e na parte final do corpo, a cabeça e o pescoço pretos sem plumas. Era uma das formas assumidas pelo deus Thoth, ao qual se atribuía entre outras coisas a invenção da escrita, a criação da linguagem. Intérprete e conselheiro dos deuses, Thoth correspondia a Hermes (Mercúrio) entre os gregos. Que o deus de cabeça de íbis e Fernando Pessoa orientem o que se procurará expressar aqui em ficções, poemas, reflexões, notas de literatura e arte.

Íbis, ave do Egipto

O Íbis, ave do Egipto,
Pousa sempre sobre um pé
(O que é
Esquisito).
É uma ave sossegada
Porque assim não anda nada.

Uma cegonha parece
Porque é uma cegonha.
Sonha
E esquece —
Propriedade notável
De toda ave aviável.

Quando vejo esta Lisboa,
Digo sempre, Ah quem me dera
(E essa era
Boa)
Ser um íbis esquisito,
Ou pelo menos estar no Egipto.

s.d.

Pessoa Inédito. Fernando Pessoa.
(Orientação, coordenação e prefácio de Teresa
Rita Lopes). Lisboa: Livros Horizonte, 1993.
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