de revoada

08.11.2017 – Show Gastão Villeroy no Espaço 373

 

GASTÃO VILLEROY

No ESPAÇO 373 (Rua Comendador Coruja, 373)
Dia 11 de abril às 21:30
Ingressos: R$ 50
Informações: (51) 992.46.7780

Retornando de turnê pelos EUA, com a cantora Maria Gadu, o músico, compositor, produtor e arranjador, Gastão Villeroy, chega essa semana direto no RS para fazer dois shows do seu elogiado álbum Amazonia Amazonia, em Montenegro, dia 7 de abril e em Porto Alegre no dia 11.

A apresentação em Porto Alegre acontecerá no Espaço 373, um novo local multimídia, que abriu recentemente na Rua Comendador Coruja, no Bairro Floresta e que vem se tornando um grande ponto de encontro de artistas de todos os gêneros.

 

Paulo Eichenberg

06.11.2017 – Relevos Oníricos inaugura dia 06 de novembro

Relevos Oníricos exposição do artista Antônio Gerbase inaugura hoje dia 06 de novembro, na Galeria de Arte Paulo Capelari, em Porto Alegre.

Paulo Eichenberg

05.11.2017 – Machado de Assis critica “O Primo Basílio” de Eça de Queirós

Em abril de 1878, Machado de Assis publicou em O Cruzeiro dois artigos analisando e criticando o segundo romance de Eça de Queirós, O Primo Basílio, recém-lançado no Porto, em Portugal. O primeiro artigo de 16/04/1878 provocou tanta celeuma que levou Machado de Assis a publicar o segundo no dia 30/04/1878, em resposta à argumentação dos que não concordavam com seu ponto de vista.

O texto crítico merece atenção, pois afinal se trata das considerações do maior escritor brasileiro sobre a obra de  um dos grandes escritores de Portugal. Muitas vezes escutei que Machado se excedeu na crítica por um moralismo antiquado. E nas minhas leituras e releituras de Eça de Queirós, cada vez mais deslumbrada com sua maestria em modelar a língua portuguesa, eu me perguntava se realmente cabia tecer reparos ao escritor português.

O que me seduz nos romances de Eça de Queirós são as frases, a maneira como são construídas. Não é só cor e luz que ele sabe criar com as palavras, é sobretudo movimento e ritmo. Meu fascínio é ver que, assim como a língua inglesa, o português se presta a fazer as imagens fluírem, se infiltrarem, estacarem, irromperem, voltearem na mente do leitor. Na leitura de O Mistério da Estrada de Sintra, essa arte da escrita se torna sobremaneira evidente, porque a brincadeira armada pelos escritores – Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, então jovens, escreveram uma história a quatro mãos desconsiderando as regras da verossimilhança – provoca gargalhadas no leitor e permite que sua atenção se volte para a engenhosidade com que as cenas são armadas.

Algumas releituras recentes de romances de Eça de Queirós me atiçaram a curiosidade, e resolvi examinar a crítica de Machado de Assis expressa ainda no século XIX. E não pude deixar de admirar o refinado senso crítico de Machado de Assis, a justeza de suas observações, sua mira certeira para revelar os pontos fracos e fortes do romance e do escritor.

Apesar de O Primo Basílio ser o segundo romance de Eça de Queirós, isto é, o escritor português estava no início de sua carreira, Machado de Assis lhe reconhece o talento e suas “faculdades de artista”. O texto está longe de ser crítica arrasadora, é antes um confronto entre dois grandes escritores em formação. Cumpre lembrar que Machado de Assis ainda não publicara Memórias Póstumas de Brás Cubas em 1878.

O primeiro reparo crítico não se dirige a Eça de Queirós, mas à escola de que participa, o naturalismo então em voga. Machado chama Eça de “realista sem rebuço”, empenhado como Émile Zola na “reprodução fotográfica e servil das coisas mínimas e ignóbeis”. Mas também aponta “quadros, excelentemente acabados, em que o Sr. Eça de Queirós esquecia por minuto as preocupações da escola”.

Mas o xis da questão vai mais fundo que o naturalismo e seus trejeitos. Focando o romance propriamente dito, Machado assesta sua pontaria. Compara a trama da obra à de Eugénie Grandet, romance de Balzac, mas diz ser impossível traçar qualquer paralelo entre a protagonista de O Primo Basílio, Luisa, e a Eugénie da obra francesa. Afirma que “a Luisa é um caráter negativo, e no meio da ação ideada pelo autor, é antes um títere do que uma pessoa moral”. Que os leitores “não lhe peçam paixões nem remorsos, menos ainda consciência”.

Não há como discordar. Não vejo como alguém possa sentir grande interesse por essa Luisa, que nos foge da memória assim que fechamos o livro. E nesse ponto Machado bateu numa característica essencial de Eça de Queirós. O talento do escritor português desabrocha na criação dos personagens figurantes ou coadjuvantes, os protagonistas são quase sempre apagados. E isso me parece ocorrer até mesmo nos grandes romances, como Os Maias.

Mais adiante, Machado afirma que Juliana, a criada, é “o caráter mais completo e verdadeiro do livro”. Como em outros romances do Eça, uma personagem aparentemente secundária assume o papel principal. Mas eu percebo nessa figura uma fraqueza de construção. Ela não surge aos olhos do leitor como uma mulher com suas qualidades, defeitos e dificuldades na lida com a vida, mas como uma criada. A função lhe determina os traços de caráter, e com isso a figura perde em humanidade. Para deixar claro o que quero dizer, lembro a figura de Falstaff  nas peças de Shakespeare. Tinha um título talvez falso de cavalheiro, era boêmio dado a bravatas e arruaças, mas, antes de tudo, ele é Falstaff. Juliana é, antes de tudo, a criada.

Machado de Assis não fala dessa concepção da personagem que me incomodou, mas alude a tal particularidade quando aponta que o desenlace se dá sem que sejam considerados os fios internos da trama. A criada “sucumbe a um aneurisma, Luisa expira alguns dias depois… A catástrofe é o resultado de uma circunstância fortuita, e nada mais.” E ao resumir a moral da história –  “a boa escolha dos fâmulos é uma condição de paz no adultério” – Machado expõe a construção precária dos personagens e o caráter ralo das relações e embates pessoais de O Primo Basílio.

Esta é a principal crítica de Machado de Assis a Eça de Queirós.  “A preocupação constante do acessório”, a tendência a “avolumar os acessórios até o ponto de abafar o principal”. Considera prejudicial à arte do escritor “a substituição do principal pelo acessório, a ação transplantada dos caracteres e dos sentimentos para o incidente, para o fortuito”. E arremata: “…o seu dom de observação, aliás pujante, é complacente em demasia, sobretudo, é exterior, e superficial”.

A leitura dos romances de Eça de Queirós confirma sua verdadeira obsessão pelos detalhes pitorescos da paisagem humana, pelos painéis panorâmicos da imensa diversidade de tipos e figuras. Se em algumas circunstâncias, como na descrição do Pacheco em Correspondência de Fradique Mendes, o seu traço é caricatural, na maioria das vezes é demasiado cheio de cor, relevo e sentimento para que possa ser rotulado de caricatura. A pergunta que me fica é se essa sua tendência ao que é exterior seria lesiva à sua arte, se essa observação que insiste em roçar na superfície das coisas não teria um valor próprio, pois é bem verdade que os romances continuam a suscitar encanto e fascínio em seus leitores. Essa pergunta me leva a outras reflexões que vou deixar para esmiuçar em novo comentário sobre Machado de Assis e Eça de Queirós. São escritores do passado, dois clássicos da língua portuguesa. Apesar do caráter modesto dos meus comentários, é sempre válido ler e reler o que escreveram.

 

Rosaura Eichenberg

05.11.2017 – Scliar: uma bio e muitas histórias

Bate-papo sobre as obras “Uma autobiografia literária” e “Histórias que os jornais não contam”, de Moacyr Scliar. Com Sérgius Gonzaga, Carlos Gerbase e leituras de crônicas por Paula Taitelbaum.

Dia 05/11/2014 no Auditório Barbosa Lessa – Centro Cultural CEEE Érico Veríssimo (CCCEV) – Rua dos Andradas, 1223  Porto Alegre RS

 

Paulo Eichenberg

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