Em tempos de antigamente, fui várias vezes visitar o escritor Dionélio Machado em Porto Alegre. Buscava orientação para um mal traçado estudo que tinha feito na universidade sobre seus romances.
Uma de suas obras mais intrigantes é O Louco do Cati. Um texto que sempre despertou mais interesse e reação que o próprio Os Ratos, que deu ao autor prêmio e fama. Uma curiosidade – Guimarães Rosa considerava O Louco do Cati o maior romance brasileiro.
No começo da minha trôpega análise de O Louco do Cati, eu assinalava que o protagonista da história não estava integrado na sociedade por não exercer nenhum trabalho que lhe proporcionasse os vínculos necessários.
Ao ler essas palavras ignorantes, Dionélio Machado parou, virou-se para mim admirado e perguntou: “Você realmente acha isso? Ele não trabalha?” E rematou com uma das maiores lições que aprendi na vida:
“Ele pensa o livro inteiro.”