ÍBIS – LITERATURA E ARTE

ibissalamancaEste espaço se destina a abrigar textos e imagens visuais e sonoras sobre literatura e arte. Embora concentrado na literatura, o interesse também se volta para outras artes como a música, as artes plásticas, a fotografia, a filosofia (a arte de pensar), o tai chi chuan (a arte do equilíbrio entre o corpo e a mente). O intuito é criar reflexões sobre as várias formas de expressão humana.

O foco recai sobre literatura, procurando iluminar leituras intensas, significativas, prazerosas e, como na vida real, aleatórias. Nos anos 60, numa aula de literatura ministrada pelo professor Guilhermino César na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a exposição foi interrompida por uma aluna que mencionou um poema de Carlos Drummond de Andrade intitulado ‘Carta’. Ainda me lembro da exclamação do professor Guilhermino, ‘ah, o poema que ele escreveu quando a mãe morreu’, e ele pediu o livro que a aluna tinha em mãos, parou a aula e leu com emoção o soneto:

“Há muito tempo, sim, que não te escrevo.
Ficaram velhas todas as notícias.
Eu mesmo envelheci. Olha em relevo
estes sinais em mim, não das carícias

(tão leves) que fazias no meu rosto:
são golpes, são espinhos, são lembranças
da vida a teu menino, que ao sol-posto
perde a sabedoria das crianças.

A falta que me fazes não é tanto
à hora de dormir, quando dizias
“Deus te abençoe”, e a noite abria em sonho.

É quando, ao despertar, revejo a um canto
a noite acumulada de meus dias,
e sinto que estou vivo, e que não sonho.”

(Carlos Drummond de Andrade, Obra Completa, Rio de Janeiro, Companhia Aguilar Editora, 1964, p. 349)

 Guardo essa lembrança como uma das melhores aulas de literatura que já escutei, assim como não me saem da memória os primeiros versos de Uraguai de Basílio da Gama, recitados pelo mesmo professor numa palestra sobre o poeta:

 “Fumam ainda na deserta praia
Lagos de sangue tépidos, e impuros,”

         (José Basilio da Gama, O Uraguay, Lisboa, Regia Oficina Tipográfica,  1749, p. 1)

Foi em grande parte o jogo do acaso que gravou os versos de Drummond e Basílio da Gama na minha memória, e as leituras ao longo da vida vieram a confirmar que é dessa forma caótica, imprevisível, mas sempre surpreendente que a literatura deixa entrever os tesouros que guarda tão ciosamente.

Esse aproximar-se da literatura incorreria numa falha, entretanto, se este espaço proporcionasse o contato da leitura, mas não se abrisse igualmente para o exercício da escrita. Que seja possível aqui uma espécie de troca de cartas, lidas e escritas com esmero, intensidade e muito prazer.

O espaço será organizado em três blocos: um conjunto de textos periodicamente renovados como um número de revista, um caderno de anotações esparsas, notícias ou comentários breves de atualização mais dinâmica, e uma coletânea de fotos e vídeos.

A seção De Revoada está reservada a notícias, informações, apontamentos  e comentários de colaboradores sobre todo e qualquer assunto relativo a literatura e arte. A Íbis gostaria de deixar claro que não aceitará textos sobre política. É um tema polêmico que requer fundamentação teórica sólida para que não acabe em bate-bocas ideológicos, e a Íbis considera que não está entre seus objetivos oferecer esse tipo de discussão que outros espaços realizam com bastante competência. A ideia é que se possa estabelecer uma conversa em que os comentaristas troquem ideias, impressões, opiniões.  Os comentários podem ser visualizados na sua ordem cronológica, isto é, obedecendo a data em que foram publicados, os mais recentes no topo e os mais antigos no fundo da seção. Ou pelo tema, isto é, pelas categorias – literatura, artes plásticas, cinema, música, história, etc. Ou ainda pelo nome do colaborador. O desafio é saber se será possível entabular uma conversa de amigos reunidos num recanto aprazível no meio da correria e desatino de  nossos tempos

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