Está escrito na Bíblia – Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. O homem recebeu algo a mais que as outras criaturas. Sua capacidade de pensar tem um potencial de conhecimento gigantesco, mas para alcançar os frutos de tamanho dom, ele precisa avançar com humildade sabendo que seu pensamento é precário. Ele foi criado à imagem e semelhança de Deus, e não igual a Deus.
A ciência consiste nos passos do homem para desenvolver seu conhecimento. Esses passos seguem sempre tentativa e erro, pontuados por muito esforço, estudo e trabalho, além de felizes surpresas do acaso. Em suma, o conhecimento humano avança em meio às incertezas de acertos e fracassos. Os grandes cientistas talvez sejam aqueles que mais reconhecem que não lidam com certezas absolutas. Em suma, não há dogmas na ciência.
Este é um erro complicado cometido nos dias atuais – a ciência busca ampliar o conhecimento humano, uma atividade nobre que nos últimos tempos tem se desenvolvido exponencialmente, trazendo enormes benefícios para a humanidade. Mas a ciência não é, nem jamais será uma religião. É preciso respeitar a ciência pelo que ela é, pelo que ela proporciona. Não se deve esperar da ciência o que ela não pode dar.
Rosaura Eichenberg
Mario Quintana disse que as cartas perdidas vão para Saturno. As novas tecnologias da comunicação têm no seu primeiro momento um efeito estranho. Das cartas escritas ou datilografadas, passamos a mensagens no correio eletrônico (email) que ainda podem ser relativamente extensas, a mensagens obrigatoriamente reduzidas no twitter, e a cacos de recados em whatsapp e outros aplicativos. O visível nesse percurso é o desmantelamento das frases humanas, não importa a língua em que são formuladas. Por isso, nos dias de hoje, segundo Mario Quintana, nossos pensamentos, sentimentos, sofrimento e alegria devem estar vagando pelos anéis de Saturno.
Rosaura Eichenberg