Há muito tempo, depois de realizar a tradução de Costumes em Comum, obra do historiador inglês E. P. Thompson sobre os costumes populares na Inglaterra rural do século XVIII, escrevi a seguinte nota sobre o ofício de historiador.
Não há possibilidade de ser absolutamente imparcial no relato da história. Todos, sobretudo os que se julgam objetivos, têm algum grau de miopia, e há os que são definitivamente vesgos. O importante é conhecer o seu grau de desvio para poder usá-lo como ferramenta de controle. Munido desse constante ajuste de lente, importa que o historiador cultive o maior respeito pelo que aconteceu e acontece ao redor de si e de seus centros de informação. Se além de honesto e diligente, o historiador for também brilhante, será então um prazer seguir os movimentos de sua mente iluminando o maior número possível das várias, diversas e, muitas vezes, contraditórias facetas do que observa.